sábado, 10 de setembro de 2016

E por que Ele mentiria?

São tantas as desilusões e decepções vivenciadas, principalmente nesse momento em que passamos por uma escassez de caráter por parte de alguns líderes políticos e religiosos, por profissionais corruptos, pais que são apenas reprodutores e amizades com interesses audaciosos.

Essas e outras situações nos levam a sermos mais incrédulos, sombrios, sozinhos e desconfiados. Não temos um questionamento racionalista, aquele que faz observações para encontrar alternativas solidificadas e construtivas. Mas, ao contrário, andamos duvidosos, cansados, isolados e sem afeto e, quando questionamos, por vezes são pensamentos vazios, ou quase um grito de socorro para suprir as nossas carências emocionais.

Há uma passagem que me chamou a atenção hoje pela manhã, enquanto eu meditava: “Deus não é homem para que minta, nem filho do homem para que se arrependa. Acaso ele fala e deixa de agir? Acaso promete e deixa de cumprir?” (Números 23:19). 
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Não pude deixar de fazer um paralelo sobre esse versículo e alguns contextos reais de nosso cotidiano. Deus se mostra aqui como Soberano, como Alto, como Sublime; Ele é O Deus, e não mais UM deus; Ele não é homem, mas Deus. Ou seja, não se assemelha ao nosso caráter tendencioso à mentira inescrupulosa, à nossa necessidade de enganar, de trair, de abandonar, de ir e não voltar, de fugir da responsabilidade, da paternidade, da manutenção e provisão.

Ele não precisa nos pedir desculpas ou perdão por erros que comete agredindo à nossa urgência de afetividade. Não precisa se arrepender de nos trair, de nos ferir, de ser corrupto.

Da mesma forma, não sendo um “homem” mentiroso e abusador, não pode deixar de agir em meu favor, em teu benefício, nem precisa se redimir das promessas que tanto me fez, e te fez, e boicotou.

O prometer dele não é a nossa prática de conquista social. Aí se mostra a diferença: é o prometer em essência e com a qual não estamos habituados.

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Que essência é essa, então? Certamente não é aquele caráter que buscamos em uma igreja, em uma religião. Esse Ser que não mente, que não deixa de cumprir, não está longe para que não possa ser alcançado. Está sim, distante da nossa compreensão, da nossa percepção e visão, não porque Ele foi embora e nos deu as costas, mas porque O procuramos em pessoas, lugares e situações, e lá Ele não está para nos suprir. Então, quem está embebecido pelo engano? Quem está naufragando na mentira?

Deixando à parte o clichê “Deus é Pai”, creio que dá para começar a refletir sobre o que isso significa. 

sexta-feira, 2 de setembro de 2016

A arca e as características de um Pai

Algumas histórias bíblicas, se olhadas de forma isolada, sem a percepção de uma lição de amor e cuidado que Deus quer nos mostrar, parecem absurdas! Realmente!
Humanamente falando, e com os olhos desconfiados do século em que vivemos, não há como se aproximar, ou se identificar com os fatos ali revelados.
Uma dessas histórias é a do dilúvio, vastamente difundida, inclusive, com outros nomes e personagens culturalmente diferentes.
          Mas, o que chama a atenção na narrativa são as características paternais apresentadas, quando Deus dá o direcionamento a Noé a respeito de como construir a arca, como selecionar pares de animais e como argumentar com a sua família a respeito de fé.
            Outro ponto que merece destaque está no versículo 16, do capítulo 7 de Gênesis, em que, após toda a preparação e obediência de Noé às instruções anteriores do Pai, o próprio Deus fecha a porta da arca, quando toda a família do personagem, bem como os pares de animais selecionados entram para “navegar”. O próprio Deus fecha a porta, como mais uma característica de Pai ao proteger os seus filhos dos perigos que ficaram do lado de fora.
            Os que estavam no interior da arca, sabiam o que ocorreria do lado de fora só de ouvir falar, mas não presenciaram a olho nu os desastres que ali ocorreram. Foram poupados do extermínio e de presenciar tão grande devastação.
            Por fim, ainda posso ousar dizer que percebo a presença desse Pai na própria simbologia da arca. Para mim, aquela grande obra de madeira representa um forte abraço de proteção. Os perigos que rondavam do lado de fora, as mudanças climáticas, as acusações, os gritos, as possíveis pedradas, cuspidas, ou ataques não poderiam atingir aqueles que estavam protegidos pelos braços de um Pai que podem ser representados na figura da arca. 

            Pode parecer ousadia, mas garanto que uma nova perspectiva é dada a essas histórias, quando enxergamos nas entrelinhas o próprio Paizão narrando esses acontecimentos com entusiasmo para mostrar que Ele mesmo é O super-herói daquelas aventuras.


Gênesis 1: A preparação para a chegada do recém-nascido!

Muitos textos, principalmente os que se referem a algum aspecto religioso, ou espiritual, são tidos como mitos por muitos estudiosos. Não é o meu objetivo discutir essa questão aqui.
O que quero mostrar é como em Gênesis 1 podemos encontrar a narrativa da preparação para a chegada de um filho. Não tenho como afirmar, se Deus criou tudo em exatamente 7 dias, se levarmos em consideração a mesma quantidade de horas que temos em nossos dias. Afinal, a Bíblia fala que para Ele, um dia é como mil anos e, mil anos, como um dia (2 Pedro 3:8). Ou seja, Ele é atemporal.
O grande fato é que Deus se mostra em uma maravilhosa figura paterna ao preparar tudo para a chegada de um filho (Adão) com os mínimos detalhes para o recém-nascido.
Preparou as formas, preencheu os lugares vazios e trouxe luz numa intensidade equilibrada. Nem mais, nem menos. Ali, o Pai da criação já determinava a rotina de sono e de atividades diárias para aquele que viria, quando tudo estivesse pronto. 
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Além disso, foram preparadas pelo Pai as porções certas de água de que precisaria o seu filho prestes a chegar. Uma porção de imagens esculpidas e bem trabalhadas das quais não se cansaria Adão de admirar diariamente. Era muita beleza à vista, muita sonoridade tranquila com as correntezas de águas e um aroma muito agradável para o filho ter o mimo do cheiro de sua casa.
O chão por onde esse “menino” iria passar, era seguro, bem preparado e sem perigos. O teto era dinâmico, pois mostraria a beleza do nascer do Sol e do poente. Alimento algum lhe faltaria. Esse filho não teria necessidade de se preocupar com o que teria para o café da manhã. Não precisaria sofrer de ansiedade no final do mês, pois de nada teria falta em sua despensa.
Tédio? Jamais! Tudo era lúdico e tinha todos os brinquedos necessários para o seu entretenimento. Melhor do que bichinhos de pelúcia, Adão tinha os animais para ser a sua rotina de brincadeiras e aprendizado.
Não só preparou com cores, formas e aromas o ambiente para a chegada do filho, como mostrou aspectos da paternidade: a provisão, a proteção e a instrução, quando disse a Adão para dar nomes aos animais, além de outros ensinamentos como, por exemplo, tomar conta do jardim.
Isso tudo foi preparado para mim, para nós. Temos tudo no devido lugar, desde o momento do nascimento. As estações, o ar, a água, a história, os acontecimentos, o funcionamento do nosso organismo etc.
Tudo para sermos seguros e felizes no colo do Papai!