Quando viajava a
trabalho mais uma vez no mês de março de 2015, o caminho mostrou-se deveras
brilhante. Não no sentido do verbo dicionarizado, mas na situação oposta da
imagem do céu e da imagem das vegetações e solo. Tudo seco, ou quase por chegar
à sequidão, enquanto nos céus as nuvens se reuniam e decidiam o que fazer para
desafogar o sofrimento daquele chão.
As nuvens bastante cinzentas e pesadas prestes a deixar chorar toda a água que não caía há tempos naquele lugar de minhas inúmeras visitações.
As nuvens bastante cinzentas e pesadas prestes a deixar chorar toda a água que não caía há tempos naquele lugar de minhas inúmeras visitações.
Ao passo que ouvia
canções no carro e era abençoado por sua companhia, fiquei meditando sobre
aquela situação imagética tão oposta até que, sem esperar, passo por uma cidade
onde a chuva cai desesperadamente quase me impedindo de enxergar à minha
frente, pois a água e o vapor tomaram conta do caminho e do para-brisa do
carro.
Foi quando me
lembrei de que muitas vezes insistimos em permanecer na mesma situação da
paisagem oposta, na qual a beleza se contradiz em meio a uma vida indecisa.
Indecisa no sentido de que não optamos por nos entregar, por avançar, por
mergulhar, experimentar ou viver. Indecisa pelo fato de, ora estarmos vivendo
as influências de velhas vidas, lições não amadurecidas, ora agindo
descabidamente. Às vezes, tudo de modo desproporcional.
Fico a imaginar se
fôssemos capazes de viver como aquelas nuvens que se reuniam e decidiam
derramar toda a água possível para saciar a sede de quem implora por gotas.
Irrigar os solos arenosos e desgastados pelo tempo e por não conseguirem,
sozinhos, frutificar.
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