Engraçado que, quando ouvimos falar a
respeito de erotismo achamos que o sexo está ali exposto, a cobiça, ou a nudez,
a pornografia, o pecado, o vício, o erro, o feio, o absurdo.
Na semana em que a poetisa, professora e
filósofa brasileira Adélia Prado, nascida em Divinópolis (MG) completa 80 anos
de idade, leio um dos seus textos que me marcou bastante: Erótica é a alma! O
texto curto e poético mostra a inevitável ação do envelhecer e as suas
consequências: “as pernas irão pesar, a coluna doer, o colesterol aumentar. A
imagem no espelho irá se alterar gradativamente e perderemos estatura, lábios e
cabelos”.
No entanto, segundo a autora, poderemos
passar por tudo isso com muito humor renovando a mobília do nosso interior.
Fantástico isso! Normalmente, a nossa tendência é guardarmos “móveis” velhos,
usados, mofados e em desuso no nosso interior. Acúmulo de mágoas, rancores,
comparações, preconceitos e julgamentos.
Que peso!
O erotismo da alma está no contrário. Não no
sentido lascivo, sexual, como dicionarizado. Mas no sentido do desejo pela
aceitação, do anseio pela liberdade das cruzes carregadas por tanto tempo. “Erótica
é a alma que se diverte, que se perdoa, que ri de si mesma e faz as pazes com
sua história... Erótica é a alma que aceita a passagem
do tempo com leveza e conserva o bom humor apesar dos vincos em torno dos olhos
e o código de barras acima dos lábios. Erótica é a alma que não esconde seus
defeitos, que não se culpa pela passagem do tempo. Erótica é a alma que aceita
suas dores, atravessa seu deserto e ama sem pudores”.
Não posso deixar de mencionar a performance de
Zélia Duncan para a canção “Alma”, composta por Arnaldo Antunes e Pepeu Gomes,
veiculada no álbum de Zélia chamado “Sortimento”, de 2001. Um jogo de cores
leves, melodia simpática e a junção da natureza para interpretar a epiderme, o toque, o descobrimento da alma leve, liberta e erótica.
Ótimo... O erótico urge leveza.
ResponderExcluirAmei!
ResponderExcluirAmei!
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